sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Síndrome de Down - Teimoso é quem faz a teimosia - Conselhos para professores

                                                                       

por Carol Johnson, Calgary, 
Alberta, Canadá 
Tradução: Luciene Codeço Coelho


Para mim é interessante ver como muitas pessoas falam sobre a teimosia de suas crianças como se isso fizesse parte do fato de terem Síndrome de Down. Na realidade, em algumas situações, ser teimoso pode ser um traço positivo.
Às vezes ouvimos que o motivo de algumas pessoas se tornarem vencedoras em uma situação
foi porque eu era teimoso e não deixava ninguém me obrigar a fazer o que eu não queria.Pensavam que eu ia entregar os pontos, mas eu era teimoso demais para desistir facilmente.
Então, que comportamento teimoso é este que vemos entre alunos que tem Síndrome de Down e
como encará-lo? Vejo a teimosia como um resultado direto da falta de habilidade e/ou forma de se expressar para negociar uma posição.
Normalmente, tomamos uma atitude sobre algo que nos interessa, e, certo ou errado, nos atrelamos a ela, insistimos nesta atitude até que entendamos ou concordemos com o ponto de vista de outras pessoas.
Um aluno com síndrome de Down continua a fazer coisas de uma maneira específica porque ela é segura, conhecida e funcionou no passado. Quando tentamos mudar seu comportamento e introduzir novas coisas, ameaçamos sua segurança.
Alguns de nós estamos abertos à mudanças e aceitamos a mudança melhor do que outros. Isso também acontece com alunos com Síndrome de Down.
Alguns de nós conseguimos defender o nosso lado da questão, outros podem ser persuasivos e convencer as pessoas do nosso ponto de vista sem ter que fazer mudanças a outra pessoa que muda.
Alunos com Síndrome de Down geralmente não lidam bem com isso. Normalmente a linguagem deles é mais limitada e eles podem não dispor da flexibilidade cognitiva necessária
para se expresser, além de uma visão mais ampla do mundo para saírem vencedores de discussões. Dessa forma, eles parecem teimosos. Imagine só: se vocÊ estivesse em uma situação em que não entendesse o que estivesse se passando e as pessoas estivessem tentando que você fizesse alguma coisa com a qual você não se sentisse seguro, o que faria?
Você resistiria, continuaria a fazer aquela coisa da forma como soubesse, seria visto como
teimoso. Como agir se você não tem habilidade verbal para partilhar seus pontos de vista? Como se comportar se a outra parte não lhe entendeu ou não se importou
com o que você tinha a dizer? Daí, você seria punido ou censurado porque foi visto como teimoso. Como isso afetaria seu nível de cooperação da próxima vez?
Como voc ê responderia a essas pessoas que o levaram a fazer alguma coisa que você não entendeu, nem mesmo concordou? Você pode se tornar mais teimoso ou resistente.
As pessoas, então, verão esta atitude como rebeldia ou um problema.
Elas entenderão que sua teimosia é alguma coisa que existe, independentemente de você ter uma visão diferente da mesma situação ou ser incapaz de comunicar, com
sucesso, seu ponto de vista.Como poderemos mudar este modelo?
Deixando de lado o mito da teimosia e vendo o comportamento teimoso como uma resistência. Resistência a alguma coisa nova, resistência a alguma coisa que não foi
entendida, resistência a ter outros no controle, resistência a alguém em que eles podem não confiar ou entender.
A única maneira de ajudar alguém a tornar-se menos resistente é ajudá-lo a se sentir seguro bastante para tentar coisas novas e diferentes.
Quando as crianças são mais novas, não reagem muito bem à  mudanças e se retraem.
À medida que crescem , usam estratégias que deram certo no passado: se retraindo, não olhando, fazendo beiço, gritando, se sentando ou se jogando no chão (comportamento de teimosia).
Quando o aluno se mostra muito teimoso, isso é sinal que este comportamento deve ter dado certo no passado; ao usar este repertório de estratégias o aluno estará se sentindo seguro. Os adultos são parte do problema.
Ensinamos às crianças o que devem fazer, para que paremos de pressioná-las ou para que as deixemos como querem. Algumas vezes, ficamos zangados.
*Quando ficamos zangados, as crianças se tornam mais resistentes por não entenderem o que está acontecendo e ficam, freqüentemente, nervosas também. Quantos de nós
reagimos com raiva, se estivermos nervosos com uma situação? Quantos de nós ficaríamos menos teimosos se alguém nos obrigasse a fazer algo que não nos sentíssemos seguros? 
Quando se deparar com um aluno que pareça teimoso, pense no seguinte:
1. Embora faça sentido para você, pode não fazer sentido para este aluno. Como poderá ajudá-lo a adquirir uma melhor compreensão sobre o que você está querendo?
Lembre-se: apenas dizer o que é bom para eles, não ajuda. Você pode demonstrar, agir, de maneira que a sua solicitação tenha uma resposta positiva? Eles poderiam
tentar fazer o que lhes é pedido em pequenas etapas? Você poderia achar um meio de esclarecer mais sobre sua solicitação, de uma maneira menos ameaçadora? Que espécie
de linguagem você está usando?
2. Haveria um jeito de ajudar o aluno a usar outros meios de dizer não,espere eu tenho medo disso o que você quer que eu faça?Ao ao invés do comportamento que é de teimosia?
3. Siga o velho adágio :Vença-os com mel. Nenhum ser humano reagirá positivamente sob coerção. Em situações novas, use alguma coisa que os alunos já tenham
experimentado e que tenham gostado; parta do que o aluno já conheça e construa a partir daí. Trabalhe uma experiência nova com alguma coisa que já é bem sucedida
e apreciada pelo aluno. Use brincadeira, músicas, jogos, etc. para ajudar um aluno a lidar com novas experiàªncias. Observar outra criança ser bem sucedida pode
não funcionar pois alguns alunos não aprendem por observar os outros e então poderão não entender que eles também poderiam ter sucesso.
4. Temos que ter uma relação de confiança com alguém, para que possamos obter dele uma resposta positiva. Alguns alunos custam a chegar a este nível de confiança.
Você não poderá ser o que pune, mas o que constrói uma relação de confiança com o aluno. Você não poderá impor alguns comportamentos e reforçar outros; esta inconsistência
causará estresse; os alunos poderão nunca se sentir suficientemente seguros o com você.
5. Quando você sentir que está ficando aborrecido, pare, sorria, caminhe, relaxe, conte até 10, etc. Solte a tensão e, depois tente outra vez¦. Talvez de um modo diferente. Por vezes, os alunos se aproximarão justo por você ter se acalmado. Então reinicie o relacionamento de um modo que não seja ameaçador.
Algumas das melhores pessoas são bastante teimosas para insistir quando muitas outras desistem das crianças. Una-se às primeiras.
Seja teimoso (insistente) em relação à habilidade da criança para aprender e a ajude a se sentir segura o bastante para aventurar-se em um novo território juntamente com você.

Um comentário:

  1. Tem um dawn na escola que trabalho que ele não quer subir pra sala de jeito nenhum. e ele é muito pesado e não vamos pega-lo pelo braço para leva-lo pois pode até machuca-lo o que devemos fazer.?

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